Palhano, como gostava de ser chamado, nasceu em Coronel Fabriciano (MG), graduou-se em Farmácia e Bioquímica, completando seus estudos na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde doutorou-se no Instituto de Microbiologia. Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa e Tecnologia (CNPq), seus trabalhos acadêmicos basearam-se na Bacteriologia da Tuberculose. Aposentou-se como professor do departamento de Patologia da Universidade Federal do Espírito Santo.
Palhano abraçou o Espiritismo desde a juventude, por convicção de que ele é a melhor opção para o entendimento de sua própria realidade espiritual. Aos 19 anos de idade foi um dos diretores da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo (FEEES), no período de 1965 a 1967; foi sócio fundador da Casa Espírita Cristã (Vila Velha – ES), em 1969; idealizador e fundador da Fundação Espírito-Santense de Pesquisa Espírita (FESPE), em 1991 e o Círculo de Pesquisa Espírita (CIPES) em 1997. Sempre esteve muito ativo na evangelização espírita do adulto, do jovem e da criança, com crescente preocupação quando à necessidade de colaborar na educação do homem na direção de Deus.
No movimento espírita, Palhano foi ativo participante e brilhante pesquisador, tendo lançado mais de 30 livros, e realizado palestras e cursos em todo o território brasileiro, não se restringindo somente a Vitória.
Grande é a sua contribuição para a Doutrina Espírita em suas mais de 30 obras, das quais podemos citar algumas: Laudos Espíritas da Loucura, Transe e Mediunidade, Evocando os Espíritos, Reuniões Mediúnicas, O Livro da Prece, Teologia Espírita, O Significado Oculto dos Sonhos, etc.
Diz Luana Poltronieri [1], que Palhano não se dizia médium, mas sabia muito das coisas.
“Só é possível falar dele relembrando detalhes de sua personalidade e carisma nos ‘causos’ vividos. Quando surgiu da espiritualidade a proposta para o livro “Reuniões Mediúnicas”, assunto que muito o incomodava, pois via no CIPES as reuniões fluírem e nas suas palestras as pessoas comentarem suas dificuldades, o resgate dos métodos de Kardec atualizados para a nossa realidade de século XXI se fazia premente e ele estava muito incomodado.
Surge então a ideia de resgatar a cientificidade de Kardec para a condução das reuniões mediúnicas e do tratamento científico do Espiritismo. Daí em uma reunião do CIPES, os médiuns perceberam que existiam documentos originais em Paris que poderiam ser utilizados sem a contaminação de uma tradução já feita. Fizemos contato com a Bibliothèque Nationale de Paris e descobrimos que tais documentos estavam em microfilme e que seria necessário que fosse alguém lá para visualizar os mesmos e anotar as páginas para que fossem feitas as cópias. Palhano me pediu para pesquisar quanto ficaria em reais a viagem e em menos de um mês eu estava desembarcando lá. Paris sempre foi o sonho de minha vida e ele me proporcionou vivenciar esse sonho, mas ele (que não era médium), ao se despedir de mim antes da viagem me disse: “- Tem uma coisa que você precisa fazer que é a mais importante dessa viagem! ”. Olhei para ele sem entender e ele disse: “-. Estou lhe dando uma ordem: você tem que voltar!!!”. Confesso que estar em Paris, foi como estar em casa, eu não queria voltar... Esse é Palhano. Mandão, com razão de ser.”
Continua Luana: “O melhor de sua personalidade é a firmeza. Ele sempre nos falava com certeza na voz, com voz doce de comando a ser obedecido sem contestação, mas que quando contestado, sempre era calado com convencimento, dava margem para diálogo e aprendizado, muito aprendizado. (...)
(...) Palhano é parcial e passional, com toda a sua aparente tranquilidade nos tocava a alma quando nos olhava com um olhar doce frente a uma enxurrada de queixumes e relatos de dificuldade frente ao trabalho e dizia (e ainda diz) simplesmente:
- Foco!!!!
[1] “Relembrando Lamartine Palhano Júnior”, de Luana Poltronieri de Souza, publicado na revista O Fóton, edição de outubro de 2019
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